Friday, February 22, 2008

Sons Ambientes e Efeitos

Olá.
Os sons que farão parte do percurso tipo estão postadas a seguir.
Há tres tipos de cada efeito +- para termos como opçao na edição.
Com as opções de objetos clicáveis nos ecrans, objetivariam mais a pesquisa.
Na reunião de domingo, poderemos afinar estas coisitas.
Abs meninas
Frederico Favoreto

Wednesday, January 30, 2008

Ponto de situação...

Depois de algumas leituras (nomeadamente do projecto de Ana Veloso - UA) e de trocas de ideias no grupo, chegámos à conclusão que a questão dos géneros na infância não poderá ser um ponto de base teórico para o desenvolvimento do nosso brinquedo "Constrói a Tua História a Brincar!". No entanto, foi um tema importante como ponto de partida e será, talvez, um aspecto a desenvolver numa possível extensão do trabalho.

Um pormenor ainda em aberto é o título final do projecto: "Constrói a Tua História a Brincar!" é o título que definimos para o produto do trabalho, o brinquedo. O projecto deve ter um título diferente ou o mesmo do brinquedo? Ideias?

Por último (a referir neste post), aponto a decisão de se optar por incluir na interface desenhos simples, infantis, para o ambiente das cenas e de dar ao utilizador também a possibilidade de definir esses mesmos ambientes, escolhendo as cores que lhes irão dar vida.

Neste momento, a Catarina está a trabalhar na interface do brinquedo: criação dos desenhos das personagens, dos ambientes etc etc; o Frederico ficou com a responsabilidade da gravação dos sons presentes na narrativa-tipo que iremos apresentar e a Ana estrutura o texto que irá fundamentar teoricamente a concepção do projecto.

Ainda há bastante a fazer...

Tuesday, January 15, 2008

cachoeira

Atraz do castelo tinha um lago

Quarto do rei

Quarto do rei

casita

escura e sem portas...

A casita era feiiita

No caminho tinha uma casita

Caminho 2

Caminho 1

Caminho

caminho

Quarto com Lareira 1

Castelo 6

Castelo 5

Castelo 4

Castelo 3

Castelo 2

Castelo 1

Lareira 3

Lareira 2

Lareira 1

Tuesday, January 8, 2008

N6: Pedro e o Lobo*

Início - Introdução
Era uma vez um menino chamado Pedro que vivia com o seu avô numa casa bem pertinho de um bosque, a meio caminho da aldeia.
O seu avô avisou-o que era muito perigoso ir brincar para a floresta, e sempre lhe recomendava que deixasse o portão do jardim bem fechado, porque havia um lobo por perto que podia atacar a qualquer momento. Pedro sempre prometia que não iria brincar para a floresta e que teria sempre cuidado.

PP6.1 - O menino pensa na floresta
Um dia, estava muito pensativo a olhar a floresta por cima do portão do jardim, cheio de curiosidade.
- Será que é mesmo verdade que vive ali um lobo? – pensava.
Como todos os meninos, Pedro era muito curioso. Nessa noite, mal dormiu. Aos primeiros raios de sol, levantou-se e resolveu aventurar-se na floresta. Tinha que saber se era verdade o que o avô lhe dissera.

PP6.2 – Na floresta
Ao entrar no bosque, Pedro ouviu:
- Bom dia, Pedro! Madrugaste! – era um passarinho que com ele falava. – O que fazes por aqui?
- Quero descobrir a floresta! – respondeu o Pedro.
- Cuidado com o lobo – avisou o passarinho.
- Ora, eu não tenho medo nenhum do lobo! – disse Pedro com ar valente.
Pedro, agora acompanhado do passarinho, continuou o seu passeio, muito confiante e, quando chegou ao pé de um lago, parou.
No lago havia um pato que nadava, nadava… Até que parou e saltou para fora da água à procura de um pouco de sol!
O Passarinho foi ter com ele e começaram a conversar.
- Olá, o meu nome é Tico e vivo no cimo daquela árvore!.
- Eu sou o Malandreco e o lago é a minha paixão! – respondeu o pato.
Entretanto, o Pedro resolveu entrar na conversa
- Oh Pato, queres uma toalha?
- Não! Não tenho frio!
- Estás todo molhado!
- Se quiseres, vou buscá-la no meu bico" - disse Tico.
- Não sejam palermas! Daqui a pouco estarei seco e pronto para outro mergulho!

PP6.3 – Aparece o gato
Estavam tão distraídos que nem deram pelo gato que se aproximava devagarinho, pata a pata, muito de mansinho.
O Tico era o seu alvo, que de costas continuava a conversar, muito animado. De repente, o passarinho sentiu um arrepio...
O gato lançou-se sobre ele e tentou comê-lo, mas Tico foi mais rápido! Abriu as asas e voou para longe, tão depressa que mais parecia um avião!

PP6.4 – Avô tenta levar Pedro para casa
Uma voz forte cortou o ar como um trovão. A voz do avô do Pedro ouviu-se, muito zangada:
- Pedro, o que é que eu te disse? Anda para casa, já!
- Já vou, avô! Não demoro! – respondeu o menino.
- Cuidado! Olha que o lobo pode aparecer! – avisou de novo o avô. – Anda e fecha o portão!
O avô Silva entrou em casa a falar com os seus botões, muito zangado porque o neto lhe tinha desobedecido.

PP6.5 – Aparece o lobo
Entretanto o gato apanhou um susto enorme ao ver o lobo aproximar-se. Ele estava com um ar faminto e muito ameaçador.
Mas como o gato era um animal muito veloz, conseguiu fugir e subir para o tronco de uma árvore mais rápido do que um tigre e, num segundo, estava seguro no ramo mais alto.
Com o gato fora do seu alcance, o lobo virou-se e viu o pato:
- Uhm! Um pato distraído. Que bom! – pensou.
Aproximou-se com a boca aberta e engoliu-o muito rapidamente.
Ainda com fome, o lobo, a quem chamavam Dente Afiado, olhou para a árvore e mais para cima ainda, como um radar, à procura de alimento.
O seu faro não o enganava! Havia ali petisco!

PP6.6 – Pedro apanha o lobo
O Pedro estava escondido a observar e teve uma ideia para salvar os outros animais do lobo esfomeado e, ao mesmo tempo, poder arranjar uma forma de lhe dar alimento.
Chamou o seu amigo Tico e disse-lhe:
- Voa à roda do lobo e vê se o distrais!
- O que pensas fazer? – questionou o passarinho.
- Depois verás. Agora vai! – ordenou o menino.
O pássaro estava a pôr o lobo maluco!
Enquanto Tico distraia o lobo, o Pedro correra a casa para buscar uma corda. Depois, com muita calma e perícia, atou uma ponta da corda à árvore. Com a outra ponta fez um laço e, como um cowboy, pegou o lobo pela cauda.
O lobo deu urros, sacudiu-se, tentou libertar-se, mas sem sucesso. O nó apertava-se cada vez mais.

PP6.7 - Caçadores
Tinha o Pedro acabado de prender o lobo, apareceram alguns caçadores que, para o ajudar, dispararam vários tiros para o ar.
- Parem, parem! Não é preciso atirar! Eu já apanhei o lobo! - disse o menino.
Os caçadores aproximaram-se e ataram o lobo a um grande ramo que estava caído no chão.
Ao ouvir os tiros, o avô Silva entrou pela floresta com o coração aos pulos, a gritar:
- Pedro! Pedro!
Assim que o viu, Pedro exclamou:
- Não te preocupes avô, está tudo bem!
- Ainda bem! – exclamou o avô Silva. – Mas... essa corda não é nossa? Como veio ela aqui parar?
- É sim. Fui buscá-la enquanto o "Tico" deixava o "Dente Afiado" à nora!
- Foste muito corajoso! Agora já posso respirar de alívio, meu querido neto.

PP6.8 – A caminho da aldeia
Estavam todos muito orgulhosos da coragem do Pedro e, juntos, marcharam em fila até à aldeia para decidir o que fazer com o lobo.
- Viva! Viva! O Pedro é um Herói! - gritavam algumas pessoas.
- Graças a ele já podemos sair de casa! - exclamavam outros.
Toda a aldeia aplaudia à passagem da comitiva, felizes.
Subitamente ouviu-se um grasnar abafado. De onde vinha? O que seria?
O menino e os seus companheiros não queriam acreditar! Era o pato que o lobo engolira de uma só vez ao pé do lago.
- De onde vem o som? - perguntou Pedro.
De novo se ouviu, mais forte, mas abafado.
- Não posso acreditar! Parece vir da barriga do lobo - disse Pedro incrédulo.
- É mesmo! Está a mexer-se! Será que o pato está vivo? - pensou.
O Pedro encostou o ouvido ao lombo do animal que entretanto tinha desmaiado e confirmou as suas suspeitas:
- Tenho a certeza! O pato está a grasnar! Temos que o tirar aqui de dentro.

Num instante, os caçadores abriram a barriga do lobo com todo o cuidado, tiraram o pato, são e salvo, e voltaram a coser o lobo.

Alguns dos habitantes da aldeia queriam ver o lobo morto, outros que o levassem para o jardim zoológico, mas Pedro defendeu-o e disse:

- O lobo é selvagem, no zoo vai morrer! Vamos devolve-lo à floresta, mas temos todos que o alimentar, para que ele não saia de lá, nem assuste ninguém aqui.

Um pouco a medo, todos concordaram com a ideia do menino e assim foi: o lobo foi devolvido à floresta e passou a ter sempre alimento e, assim, os habitantes da aldeia já não tinham nada a temer e poderiam viver em paz e harmonia.

N5: Gata Borralheira*

Início - Introdução
Era uma vez uma menina muito bonita que já não tinha mãe. O seu pai casara de novo e ela vivia com a sua madrasta, que tinha duas filhas. Tanto elas como a mãe eram bastante feias, porque eram más e orgulhosas. Tratavam a menina como uma criada, obrigando-a a fazer todos os trabalhos da casa e estavam sempre a mandar nela e a pedir-lhe coisas, pois eram também bastante preguiçosas. O pai estava ausente em viagem longa a serviço do reino e a menina não tinha ninguém que a protegesse e defendesse.
A menina não tinha muita roupa, ficava com os vestidos já muito velhos das meias-irmãs, que tinha de remendar e arranjar, e ia calçando uns tamancos, pois na maior parte do tempo ficava na cozinha, à beira da lareira, de tal maneira que a madrasta e as irmãs passaram a chamar-lhe Gata Borralheira.

PP5.1 – Em casa, no sótão
As únicas amizades que a pobre menina conseguia ter eram os animais, os passarinhos, os ratos e todos os outros bichinhos que lhe iam fazendo companhia enquanto ela limpava e esfregava e tratava das tarefas domésticas ou enquanto remendava a sua roupa no carto do sótão.

PP5.2 – Em casa, na entrada (jardim)
Uma manhã, passou o arauto a informar que o príncipe estava em idade de casar e que o rei, seu pai, ia organizar um baile para que o filho pudesse escolher a sua noiva de entre todas as moças que moravam naquele reino.
As duas irmãs ficaram logo muito entusiasmadas: pensaram logo que iriam ser as escolhidas do príncipe:
- Que bom! Vou ser a mais linda do baile. Certamente que o príncipe não tirará os olhos de mim!
- Eu vou ser a sua escolha. Irei tão bela que nenhuma outra o fará mudar de par.

PP5.3 – Em casa, no quarto da madrasta
As irmãs iam discutindo a sua beleza, enquanto, com a ajuda da mãe, tratavam de preparar tudo: mandaram fazer sapatos e vestidos novos, compraram jóias e escolheram penteados complicadíssimos para a tão esperada festa.
Enquanto tudo isto acontecia, as duas malvadas e a sua mãe iam fazendo troça da Gata Borralheira, a quem avisaram imediatamente que não esperasse ir ao baile porque era apenas para as meninas belas e ricas e não para criadas pobres e sujas, que nunca poderiam vir a ser princesas.
- Querias vir, não era? Pois o teu lugar é aqui, na cozinha! – troçava uma.
- Pensas que, mesmo que fosses ao baile, o príncipe te ia escolher? Uma pobretanas que mais parece andar vestida com esfregões – ria a outra.
- Meninas… Não macem mais a Gata Borralheira… Olha que ela ainda fica a pensar que também vai a um baile assim importante… Nem em sonhos! – rematava a madrasta.
Quando o dia do baile chegou, trataram logo de a pôr a ajudá-las a vestirem-se e a pentearem-se, fazendo-a correr de um lado para o outro para acudir às três, que faziam de propósito para a chamarem ao mesmo tempo.
Mal ficaram prontas, chegou a carruagem para as levar.


PP5.4 – Em casa, na cozinha
A Gata Borralheira voltou para o pé da lareira. Chorava muito e lamentava-se:
- Que pouca sorte tenho! Sem a minha mãe e o meu pai fora há tanto tempo não há ninguém que me ajude e me defenda! Nem ao baile posso ir, não tenho que vestir nem que calçar. Nem tenho como ir! E o arauto disse que o baile era para todas as raparigas em idade de casar…
Nisto, envolta num clarão luminoso, aparece-lhe uma fada.
- Como estás, Gata Borralheira? Eu sou a tua fada-madrinha e vim aqui porque me chamaste e ouvi os teus lamentos. Vou-te fazer ir ao baile para que possas conhecer o príncipe, como todas as moças deste reino.
A menina, espantada, nem conseguia dizer nada, mas lá murmurou:
- Mas eu não tenho o que vestir…
E a fada tocou-lhe com a sua varinha de condão; nesse instante os trapos que vestia transformaram-se num belíssimo vestido.
- Nem que calçar… – continuou, ainda mais espantada.
E a fada, de novo, tocou-lhe nos pés, calçando-a com dois maravilhosos sapatinhos de cristal.
- Estes sapatinhos pertenceram à tua mãe. – disse-lhe a fada. Trata-os bem.
A menina estava maravilhada! Olhava-se e sorria, vendo-se tão bela como uma verdadeira princesa, linda da cabeça aos pés, com um lindo penteado e simples, mas belas, jóias.
- Mas Madrinha… Como irei? – perguntou-lhe a jovem.
Então a fada tocou ao de leve em dois ratinhos, que se transformaram nos cocheiros, vestidos a rigor, e nos cavalos. Tocou também numa abóbora, que passou a ser um magnífico coche.
Tudo estava pronto.
-Vai – disse a fada-madrinha. – Mas terás de regressar antes da meia-noite: a essa hora o teu coche vai de novo transformar-se em abóbora, os cavalos e o cocheiro em ratinhos e voltarás a ter vestidas as tuas antigas roupas e tamancos nos pés.
A Gata Borralheira disse muito obrigada e partiu.

PP5.5 – Na estrada
A viagem até ao palácio era curta, mas o caminho tinha muitas pedras e o coche saltava acompanhando o acelerado coração da menina.

PP5.6 – No baile, no palácio
Quando chegou ao palácio, todos os olhos se pousaram nela. Ninguém sabia quem era, mas todos admiravam a sua beleza e elegância. Nem mesmo as irmãs e a madrasta a reconheceram, tão grande era a mudança que a fada fizera.
O príncipe, mal a viu, ficou de tal modo apaixonado que não falou com mais ninguém. Dançaram juntos todo o serão, sem tirarem os olhos um do outro, fazendo todas as outras moças, especialmente as meias-irmãs, ficarem bastante zangadas e ciumentas.
De repente, começaram a soar as doze badaladas da meia-noite e a Gata Borralheira exclamou:
- Meu Deus! Meia-noite! Tenho de ir!
E soltou bruscamente a mão do príncipe, correndo para a saída.
O rapaz, apanhado de surpresa, correu atrás dela, mas sem a conseguir alcançar.

PP5.7 – Fuga do palácio
Quando chegou à porta do palácio, o príncipe só viu o coche partir a toda a velocidade pela alameda. Triste, baixou a cabeça e olhou para o chão: um dos sapatinhos de cristal ficara caído nas escadarias.
O príncipe baixou-se e apanhou-o.
Ao voltar para dentro, sentou-se no trono com o sapatinho na mão e, naquela noite, não voltou a dançar, nem quis conhecer mais ninguém. Da menina, nem o nome sabia.

PP5.8 – Em casa, na cozinha
A Gata Borralheira chegou a casa mesmo a tempo. Logo de seguida, por artes mágicas, tudo voltou a ser o que era: a abóbora, os ratinhos, o seu vestido e os sapatos.
Sentou-se à lareira e esperou pacientemente pelas irmãs, com o coração muito feliz por ter ido ao baile e porque tinha estado com o príncipe naquela noite especial.
As irmãs regressaram pouco depois, bastante irritadas porque tinham sido ignoradas pelo príncipe que não tirara os olhos de uma desconhecida e ainda por cima tinha dançado só com ela a noite toda!

PP5.9 – Em casa, na sala (visita do príncipe)
No palácio, o príncipe não conseguira dormir a noite inteira a pensar na misteriosa menina e no sapatinho de cristal que ela deixara para trás.
Logo cedo de manhã, o príncipe saiu, acompanhado de alguns criados, em busca da donzela com quem dançara no baile. Foram de casa em casa, por todo o reino, a experimentar o sapatinho de cristal em todas as meninas em idade de casar, até que chegaram a casa da Gata Borralheira.
As duas irmãs correram, entusiasmas, para experimentar o sapatinho, mas nem o pé gorducho de uma, nem o pé comprido da outra nele couberam. Até a mãe tentou a sua sorte, mas sem resultado.
- Não há mais ninguém nesta casa? – perguntou o príncipe.
- Não… Bem, há a Gata Borralheira – disse a mãe.
- Mas ela nem foi ao baile! – exclamou uma das irmãs.
- Quero experimentar! – contestou o príncipe. – Não vou deixar nenhuma menina de fora! Ninguém!
E, contrariadas, lá foram chamar a Gata Borralheira à cozinha.
Mal a menina levantou o pé, o príncipe percebeu logo que era ela. E quando calçou o sapatinho de cristal, o seu delicado pezinho parecia que nunca calçara outra coisa.
Nesse instante, voltou por magia a ter o vestido que levara ao baile, o penteado e as jóias, e apareceu-lhe também o outro sapatinho. Estava deslumbrante!
O príncipe deu-lhe imediatamente a mão e levou-a até ao seu coche, seguindo juntos para o palácio, enquanto as irmãs e a madrasta ficaram a observar tudo, tão espantadas que nem conseguiam falar.

PP5.10 – No salão do palácio - casamento
Chegados ao palácio, o rei combinou logo o casamento, pois os dois jovens estavam muito apaixonados. Foi uma festa belíssima!
As irmãs e a mãe, arrependidas de a terem tratado tão mal, pediram muita desculpa à menina, que, como era muito bondosa, as perdoou rapidamente. Emendaram-se, casaram também mais tarde com dois fidalgos muito gentis e passaram a viver todos na corte em boa harmonia e felicidade.

FIM

*Adaptado de Mini Contos Clássicos 1. (Reescrita e Adaptação de Margarida Braga. Lisboa: Papa-Letras, 2005.), 81-96.

N4: Gato das Botas*

Início - Introdução
Era uma vez um rapaz que tinha dois irmãos: o seu pai, que era moleiro, morrera e deixara em testamento ao filho mais velho o moinho, o burro ao filho do meio e a ele, o mais novo, o gato.
O rapaz estava muito desanimado, pois os irmãos podiam ganhar a vida com o que tinham recebido, mas ele, apenas com um gato, não sabia como iria fazer. Então, decidiu correr mundo à procura de melhor sorte.

PP4.1 – Na estrada
Um dia, como não tinha conseguido nada, o rapaz sentou-se no chão e lamentou-se:
- Os meus irmãos tiveram sorte. Com o burro e o moinho puderam ganhar a vida. Agora eu, só com um gato, o que é que posso fazer?
E o gato, que estava ao lado do rapaz, respondeu, para seu grande espanto:
- Muito, patrãozinho. Dai-me um chapéu e umas botas e vereis: vou tornar-vos muito, muito rico – continuou, enquanto o rapaz o olhava com a boca aberta de espanto.
O rapaz achou que não tinha nada a perder e deu-lhe as botas e o chapéu.
O gato calçou as botas, enfiou o chapéu na cabeça e disse ao rapaz:
- Preciso também de um saco.
O rapaz deu-lho também.
- Pronto, agora vereis como eu consigo tornar-vos rico, mas tereis de fazer sempre o que vos disser.
E o rapaz ficou a ver o gato afastar-se na direcção à floresta com o saco às costas.

PP4.2 – Na floresta
Chegado à floresta, o gato preparou uma armadilha: enfiou dentro do saco bastantes ervas e colocou uma corda fina na abertura, para que qualquer animal que fosse comer as ervas ficasse preso no saco. Foi o que aconteceu a um enorme coelho.

PP4.3 – No palácio do rei
O gato dirigiu-se então para o palácio do rei, para continuar com o seu plano. Chegou lá e pediu para ser recebido:
- Majestade, ofereço-vos este coelho em nome do Marquês de Carabás – disse ao rei.
O gato, para poder chegar a falar com o rei tinha inventado este nome para que se pensasse que ele era o criado de um senhor nobre e rico.
A oferta do coelho foi muito apreciada pelo rei, que pediu para o gato agradecer ao marquês tanta gentileza.
O gato repetiu aquelas ofertas em nome do seu amo muitas vezes. Oferecia tudo o que caçava na floresta, faisões, coelhos, codornizes, lebres e tudo o que apanhava nas suas armadilhas. O rei já o conhecia bem e o Gato das Botas falava de tal modo do Marquês de Carabás que parecia que todos já se conheciam há muito tempo.

PP4.4 – No rio
Um dia, o rei anunciou que iria dar um passeio com a filha perto da floresta, à beira do rio.
O gato, mal ouviu aquilo, saiu a correr e foi ter com o rapaz:
- Vinde comigo até ao lago! Ao chegarmos, despi-vos e entrai na água. Fazei o que eu vos disser sem perguntas e tudo vai correr bem.
Mal o rapaz entrou dentro de água, o gato escondeu toda a sua roupa atrás de uma pedra.
Entretanto, o rei e a filha já se aproximavam. Então o gato começou aos gritos:
- Socorro! Socorro! O meu amo, o Marquês de Carabás, foi atacado e roubado e os ladrões lançaram-no à água. Salvai-o! Acudam!
O rei, ouvindo tais gritos, parou e reconhecendo o Gato das Botas, perguntou-lhe:
- Porque gritais assim? Que aconteceu?
- É o meu amo, o Marquês de Carabás! Foi roubado por terríveis malfeitores que no final o lançaram à água. Acudi-nos, por favor.
O rei mandou então que levassem roupas ao rapaz para ele poder sair da água e ter algo para vestir. Em seguida, convidou-o a seguir no passeio com eles e a subir para o coche, onde ele seguia com a filha.
Mal o rapaz olhou para a menina, ficou logo apaixonado: ela era linda. A menina, por sua vez, também gostou logo dele e começaram logo a conversar.
O gato propôs ao rei que aquela seria uma boa altura para lhe mostrar todas as terras e o castelo do Marquês de Carabás e ele concordou. Disse então que ia à frente para preparar tudo e, depois de indicar o caminho ao cocheiro, partiu a correr.

PP4.5 – Nos campos
O gato corria depressa pela estrada fora, ao lado de terras onde trabalhavam grupos de camponeses, e, dirigindo-se a eles, dizia-lhes:
- O Marquês de Carabás, o meu amo, vai livrar-vos do malvado gigante do castelo. Se vos perguntarem de quem são estas, dizei que são dele!
- Sim, sim, faremos isso! – respondiam, pois o gigante era na verdade mau e cruel.
Mais à frente, recomendou o mesmo a outro grupo, e sempre assim até chegar ao castelo do gigante.
O rei, ao passar, ia perguntando várias vezes de quem eram aquelas terras e os camponeses respondiam.
- Do Marquês de Carabás! Do nosso muito amado Marquês de Carabás.

PP4.6 – No castelo do gigante
O Gato das Botas chegou então ao enorme castelo do gigante.
O gigante era muito mau e cruel, metia medo aos camponeses e exigia-lhes trabalho e impostos, e quem não lhe obedecesse era logo castigado.
O gato pediu para entrar e falar com o gigante, que ficou muito espantado porque toda a gente tinha muito medo dele.
- Diz lá, gato. O que queres?
- Ouvi dizer que vossa excelência era dono de grandes poderes, e não quis deixar de ver com os meus próprios olhos, para acreditar no que me disseram.
- Então, fala: o que te disseram de mim?
- Que éreis capaz de vos transformar em qualquer animal, o que é uma coisa fantástica! Podeis transformar-vos num… num leão, por exemplo?
- Claro. Olha só.
E o gigante transformou-se num temível leão no espaço de um segundo.
- É espantoso! Nunca visto. Mas deve ser fácil porque o leão é quase do vosso tamanho. E se for uma criatura pequena… Num ratinho, por exemplo?
O gigante, que entretanto voltara ao seu aspecto normal, respondeu:
- Qual é a dificuldade? Grande ou pequeno para mim é igual. Queres ver?
E de novo o gigante deixou de ser gigante para passar a ser um pequeno rato.
Mal o ratinho surgiu, o Gato das Botas atirou-se sobre ele e comeu-o de uma só dentada.
O gigante desapareceu para sempre: era mau e fora enganado pela sua grande vaidade.
O gato era agora dono do castelo que tinha enormes riquezas e dominava muitas terras.

PP4.7 – No jardim do castelo (desfecho)
Entretanto, o rei estava a chegar com todo o séquito, e o gato foi esperá-los à porta do castelo. Mostrou-lhes todas as riquezas do Marquês de Carabás e o castelo de uma ponta à outra.
O rei estava a gostar muito do rapaz, pois era dono de muitas terras, daquele castelo e das fortunas que ele continha. A sua filha também olhava o novo Marquês de Carabás com um ar apaixonado e o rapaz, que já percebera o plano do gato, estava a fazer tudo como se fosse mesmo um nobre.
Com tanta coisa boa que o rei via no rapaz, não tardou muito a oferecer-lhe a sua filha em casamento. Combinou-se logo ali a boda, e os dois noivos ficaram radiantes.
O Gato das Botas ficou a viver com o rapaz e a menina no castelo, muito satisfeito, pois cumprira a sua promessa: o rapaz ficou muito rico, casou-se com uma princesa que amava e foi muito feliz.

FIM

*Adaptado de Mini Contos Clássicos 1. (Reescrita e Adaptação de Margarida Braga. Lisboa: Papa-Letras, 2005.), 33-48.

N3: Branca de Neve*

Início – Introdução
Era uma vez um rei e uma rainha que tinham uma filha muito linda chamada Branca de Neve. A menina gostava muito de correr no jardim, brincar com os animais e passava longas horas à janela onde a sua mãe costumava costurar-lhe lindos mantos. Mas a rainha adoecera há muito tempo e, depois da sua morte, o rei voltou a casar-se. A nova rainha era muito bela, mas invejava a beleza de todas as mulheres, especialmente a da jovem e doce princesa Branca de Neve.

PP3.1 – No quarto do rei
Um dia, o rei acordou muito cansado e fraco e não conseguiu levantar-se, ficando assim, doente, preso à sua cama, indefeso, fechado no quarto. Branca de Neve chorava inconsolável a seu lado, segurando-lhe a mão, com medo de ficar sozinha com a madrasta que não gostava nada dela.
A rainha má observa-a e fingia-se preocupada com a saúde do rei, quando, na verdade, tudo o que lhe interessava era certificar-se que ela e só ela era a mais bela de todo o reino.

PP3.2 – No quarto da rainha
A rainha passava horas fechada no seu quarto, onde tinha um espelho mágico, com quem falava e que lhe mostrava o que ela queria ver, mas que nunca lhe mentia.
Um dia, ansiosa por se certificar da supremacia da sua beleza, perguntou-lhe:
- Espelho meu, espelho meu, diz-me quem é a mais bela do reino?
- Tu és a mais bela, majestade – respondeu o espelho – mas a jovem Branca de Neve é mil vezes mais bela do que ti!
Esta revelação deixou a rainha furiosa, louca de ciúmes. Ela tinha que se livrar da Branca de Neve!

PP3.3 – No Palácio
Sentada no seu trono, sem temer o rei, moribundo, a rainha mandou chamar um caçador e ordenou-lhe:
- Leva a princesa para a floresta e mata-a! E traz-me o coração dela dentro deste cofre para eu ter a certeza de que morreu mesmo!

PP3.4 – Na floresta
O caçador obedeceu às ordens da rainha má e levou a menina para o meio da floresta. Quando estava quase a matá-la, a Branca de Neve suplicou-lhe:
- Por favor, vós sois bondoso, eu sei, poupe-me a vida, não me mates!
O homem teve pena dela e, sem coragem para cumprir a sua missão, resolveu deixá-la fugir:
- Vai-te embora, pobre criança, foge, e peço-te que nunca mais voltes ao castelo, pois a rainha quer a tua morte.
Para que a rainha não suspeitasse de nada, o caçador matou um veado e levou-lhe o seu coração dentro do cofre.
Entretanto, a Branca de Neve chorava muito porque tinha sido abandonada e estava sozinha nessa densa floresta. Felizmente, todos os animais da floresta vieram consolá-la.
- Não chores mais, pobre menina, somos teus amigos – disseram-lhe, um a um, todos os animais da floresta.
- Nós ajudamos-te – acrescentou a raposa.
Assim, deixando-se guiar pelos seus novos amigos, a Branca de Neve acabou por avistar uma casinha encantadora.

PP3.5 – Na casa dos anões
A Branca de Neve abriu a porta da casinha e exclamou:
- Mas aqui é tudo tão pequenino! Que agradável! Mas está tudo tão sujo e desarrumado…
- Concordo contigo – disse um ratinho.
- Venham, amigos! Mãos ao trabalho, vamos arrumar esta casa.
E assim, com a ajuda dos animaizinhos, a Branca de Neve varreu, esfregou e arrumou a pequena casinha que ficou a brilhar de tanta limpeza.
Muito cansada, de tudo o que tinha passado nesse dia, juntou duas caminhas e deitou-se. Adormeceu de imediato.

PP3.6 - Na casa dos anões (os anões descobrem a menina)
Os sete habitantes da casinha eram anões, que exploravam minas à procura de ouro e de diamantes.
À noite, quando voltaram a casa, ficaram admirados:
- Quem lavou o meu copo? – exclamou o primeiro.
- Quem arrumou os meus livros? Quem esteve aqui a varrer?
- Quem limpou as teias de aranha? Quem pôs a mesa? Quem limpou o pó? – perguntaram os outros quatro.
- Mas, quem é que fez isto tudo? – perguntou o sétimo anão.
Foi então que um dos anões viu que alguém estava deitado na cama.
Imediatamente todos correram ao mesmo tempo pelo quarto e exclamaram muito admirados:
- Oh!.... é apenas uma rapariguinha!
- Meu Deus, como é bela!
- Mas… ela está na minha cama!
- Cala-te, idiota, vais acordá-la! Deixemo-la dormir, parece estar a dormir tão bem!
Quando acordou, na manhã seguinte, a menina viu-se rodeada de sete pequenos homens que a olhavam com ternura. Contou o que lhe tinha acontecido, e os anões resolveram que ela podia ficar com eles.
Antes de partirem para a mina, o chefe dos anões avisou a Branca:
- Desconfia da rainha como da peste! Não deixes entrar ninguém durante a nossa ausência.
- Prometo-te que não! – respondeu-lhe a branca de neve.


PP3.7 – No palácio
Mas, entretanto, no palácio…
A rainha descobrira pelo espelho que tinha sido enganada pelo caçador e que Branca de Neve ainda estava viva.
Resolveu então ela própria matar a bela jovem, dando-lhe a comer uma maçã envenenada, que a iria sufocar.
Para que a menina não a reconhecesse e, assim, aceitasse a fruta envenenada, a rainha transformou-se numa bruxa velha, usando uma fórmula mágica.
Usou o seu fiel corvo para descobrir a casinha dos anões e… graças aos seus poderes, apareceu na clareira onde Branca de Neve se escondia.

PP3.8 – Em frente à casa dos sete anões
A madrasta malvada aproximou-se da casa dos anões e bateu à porta.
- Bom dia, minha menina – disse a velha – venho agora mesmo do meu pomar onde colhi umas maçãs muito boas. Queres uma?
- Muito obrigada, velha senhora, aceito sim. – respondeu Branca de Neve, sem suspeitar do mal terrível que a espreitava.
Mal deu uma dentada na apetitosa maçã vermelha, caiu no chão, imóvel.

PP3.9 – Em casa dos sete anões/floresta
Os anões, prevenidos pelos animais da floresta, compreenderam logo que a menina estava em perigo e voltaram rapidamente para casa. Infelizmente, quando chegaram era tarde de mais: a Branca de Neve estava caída, inanimada, ao pé da porta.
Enquanto uns ficaram ao pé da menina, os outros anõezinhos correram atrás da bruxa e conseguiram encurralá-la no cimo de um rochedo.
Apanhada desprevenida, a bruxa desequilibrou-se e caiu num precipício. Não tinham que se preocupar mais com ela.

PP3.10 – Na clareira da floresta
Muito tristes e sem coragem para enterrarem a Branca de Neve, os anões resolveram pô-la num caixão de vidro para que todos os habitantes da floresta pudessem admirar a sua beleza todos os dias.
Uma manhã, quando estavam junto da Branca de Neve, apareceu um jovem príncipe que, tendo ouvido falar da estranha doença do rei e do desaparecimento da jovem princesa, resolvera descobrir o que acontecera.
Assim que viu a menina no caixão de vidro, reconheceu-a de imediato e, conquistado pela sua beleza, beijou-a apaixonadamente. O seu sentimento foi tão sincero que quebrou o feitiço da rainha e a Branca de Neve despertou do seu sono envenenado.
Os anõezinhos e os animais cantaram de alegria e, mais ainda quando o príncipe confessou o seu amor pela menina e o seu desejo de com ela casar.

PP3.11 – No caminho para o palácio
Felizes, a Branca de Neve o príncipe regressaram ao palácio, imaginando já o dia do seu casamento com todos os animais e os anões que tão amigos da menina tinham sido.
A caminho de casa, o príncipe contou-lhe também que o rei estava a melhorar e que iria ficar bom logo, logo. Mais um dos feitiços da rainha malvada que se tinha quebrado quando ela caiu no precipício.
E assim foi, passado pouco tempo uma festa maravilhosa marcou a união do príncipe e da Branca de Neve que viveram em harmonia, muito felizes para sempre, no belo palácio.

FIM

*Adaptado de Gauthier Dosimont. A Branca de Neve e os Sete Anões. (Trad. Ana Rita Viana. Livraria Civilização Editora, 1999.)

N2: Hansel e Gretel*

Início: Introdução
Era uma vez um lenhador muito pobre que vivia com a mulher e os filhos, um menino e uma menina, numa pequena casa perto da floresta. O rapaz chamava-se Hansel e a rapariga Gretel. Tinham apenas o mínimo para sobreviver, mas na época difícil de fome que atravessavam, nem pão havia para alimentar os filhos.

PP2.1 – Em casa do lenhador
Uma noite, já tarde, sem conseguir dormir, o lenhador desabafava com a mulher:
- O que há-de ser de nós? Como vamos alimentar os nossos filhos se não temos nada para lhes dar?
- Eu digo-te o que fazer, homem – respondeu a mulher – Amanhã, levamos as crianças connosco para a floresta. Quando estivermos bem longe, na parte mais densa do bosque, fazemos uma fogueira e damos a cada um um pedaço de pão. Depois vamos para o nosso trabalho e não voltamos para os buscar. Eles não vão conseguir encontrar o caminho de casa e, assim, livramo-nos deles e conseguimos sobreviver.
- Eu não consigo abandonar assim os meus filhos, mulher! – respondeu o lenhador pesaroso.
- Então morreremos todos de fome. E amanhã, é melhor começares a recolher madeira para o nosso caixão.
A mulher tanto falou e falou que conseguiu convencer o marido a aceitar o plano dela.
As crianças, que também não conseguiam dormir por causa da fome que sentiam, ouviram toda a conversa do pai e da madrasta. A pequenina Gretel começou a chorar, mas Hansel confortou-a:
- Não te preocupes, irmãzinha, vai tudo correr bem.
Dito isto, vestiu o casaco e saiu porta fora. Na rua, pedrinhas brilhavam à luz da lua e Hansel apanhou quantas pode e escondeu-as no bolso. De volta ao quarto, ao pé da irmã, aconselhou-a a dormir descansada, pois teriam um longo dia pela frente.

PP2.2 – Na estrada, a caminho da floresta
Bem cedo de manhã, a madrasta dos meninos acordou-os e, avisando-os de que iriam todos para a floresta apanhar lenha, deu um pedaço de pão a cada um.
E assim juntos puseram-se a caminho da floresta. Depois de caminharem um pouco, Hansel parou e olhou para trás em direcção a casa. De quando em quando repetia este movimento, até que o pai lhe perguntou o que se passava.
- Nada, pai, pareceu-me ver a minha gatinha a acenar-me do telhado. – respondeu. Mas o que Hansel fazia sempre que parava e olhava para trás era deixar cair uma das pequenas pedras que levava no bolso.
- Que tonto, rapaz, é apenas o sol a nascer. – disse a madrasta dos meninos.
E continuaram o seu caminho.

PP2.3 – Chegada à floresta
Quando chegaram ao centro da floresta, o pai dos meninos disse-lhes:
- Ide apanhar alguns ramos e façam uma fogueira para se manterem quentes.
O Hansel e a Gretel assim fizeram. A pilha de ramos que tinham juntado rapidamente se transformou numa fogueira e então a mulher disse-lhes para esperarem por eles ali que quando terminassem de cortar toda a lenha que precisavam, voltariam para os buscar.
Hansel e Gretel ali ficaram, descansados, porque ouviam por perto o machado do pai. Mas o que ouviam não era o machado mas sim um tronco que o pai amarrara a uma árvore velha e que, com o vento batia contra a árvore e fazia um som como o de um machado a cortar lenha.
Com o quente da fogueira, os dois meninos adormeceram, exaustos.

PP2.4 – Na floresta sozinhos
Quando acordaram, estavam sozinhos e era já noite escura. Gretel assustada começou a chorar, mas o irmão confortou-a:
- Não te preocupes irmãzinha. Esperamos que a lua fique alta e depois encontramos o caminho de volta a casa, de certeza.
Assim que a lua iluminou o céu escuro, Hansel e Gretel puseram-se a caminho, seguindo as pedrinhas que Hansel fora deixando cair e que a luz da lua fazia brilhar. Caminharam toda a noite e ao romper da manhã, os dois irmãos chegaram a casa do pai. Bateram à porta e foram recebidos com alívio pelo pai que não conseguira ficar tranquilo desde que os deixara.

PP2.5 – Em casa do lenhador
Pouco tempo depois, houve nova escassez de alimento – a terra nada produzia –, até que uma noite, estando ainda acordadas as crianças voltaram a ouvir os lamentos da mãe.
- Temos que nos livrar das crianças senão morremos de fome, homem. – dizia a mulher - Levamo-los mais para dentro da floresta, tão para dentro que nunca mais sejam capazes de encontrar o caminho de casa.
Ao ouvir isto, Hansel tentou fazer como da vez anterior e ir à rua buscar pedrinhas, mas a madrasta tinha trancado a porta e não havia forma de poder sair.
Na manhã seguinte, deu-lhes um pedaço de pão (ainda mais pequeno do que da vez anterior), e ordenou-lhes que se preparassem para irem com eles para a floresta.

PP2.6 – A caminho da floresta
A caminho da floresta, Hansel metia a mão no bolso e de quando em quando parava para deixar cair umas migalhas do pedacinho de pão que a madrasta lhe dera.
Os pais guiaram-nos bem para dentro da floresta, mais longe do que alguma vez tinham estado.

PP2.7 – Na floresta
Mais uma vez, quando já estavam bem longe dentro da floresta, os pequenos reuniram paus para acender uma grande fogueira e a mãe disse-lhes:
- Crianças, sentem-se e se estiverem cansados, durmam um pouco. Nós vamos mais para dentro da floresta para cortar lenha e assim que terminarmos vimos buscar-vos.
E os meninos ficaram ao pé da fogueira a verem os pais afastar-se até desaparecerem. Ao meio-dia, Gretel dividiu o seu bocado de pão com o irmão, pois este tinha espalhado o seu ao longo do caminho. Não demorou muito até que adormecessem profundamente e as horas passaram sem que ninguém os fosse buscar.

PP2.8 – Na floresta
Era já noite escura quando Hansel e Gretel acordaram e viram que estavam sozinhos e Hansel confortou a irmã:
- Não te preocupes, vamos esperar que a lua fique mais alta e depois seguimos as migalhas de pão que fui deixando a marcar o caminho de casa.
Quando a lua apareceu, os meninos levantaram-se e procuraram as migalhas, mas não encontraram nada. Os passarinhos da floresta, sem saberem a importância daquelas migalhas, tinham comido toda a pista que Hansel deixara. Mesmo assim, o menino não desanimou:
- Não faz mal, Gretel. Vais ver que encontramos uma forma de voltar para casa.
Mas não encontraram. Vaguearam pela floresta toda a noite e, no dia seguinte, de manhã à noite, mas não conseguiam encontrar o caminho para sair da floresta. Tinham também muita fome, pois só podiam comer as amoras que iam encontrando por onde passavam. Por fim, os meninos estavam tão cansados que não conseguiam andar mais, por isso, deitaram-se sob uma árvore e aí adormeceram.
Estavam já na terceira manhã, ali, sozinhos no bosque, e as suas buscas pelo caminho de casa apenas os levavam a perder-se cada vez mais para dentro da floresta. Os meninos sabiam que se não aparecesse alguém para os ir buscar que morreriam ali.
Ao meio-dia viram um lindo pássaro branco no raminho de uma árvore. O pequeno pássaro cantava uma melodia tão encantadora que os meninos pararam a ouvi-lo. Assim que terminou o seu canto, o passarinho levantou voo mesmo à frente das crianças, como se lhes dissesse “Sigam-me!”

PP2.9 – Casa de "Chocolate"
Hansel e Gretel seguiram o pássaro branco que os conduziu a uma casinha. Quando se aproximaram, os meninos descobriram que as paredes da casa eram feitas de pão, o telhado de bolos e açúcar transparente dava forma à pequena janela.
- Estamos salvos – disse Hansel – temos aqui muita comidinha! Eu vou comer um bocadinho do telhado, tu, Gretel, come um pouco da janela; é de certo bem docinha.
O Hansel esticou o braço e tirou um bocadinho do telhado para provar, e a Gretel colou-se à janela e ao parapeito começou a saborear.
Estavam os meninos a começar a saciar a sua fome, quando ouviram uma voz cortante que vinha de dentro da casinha:
- Quem se atreve a tentar comer a minha casa?
As crianças responderam:
- É o vento, é o vento, o doce vento que sopra como crianças celestiais. – e continuaram a comer tanta era a fome que tinham.
O Hansel, que estava a apreciar verdadeiramente o sabor do telhado, ia comendo bocadinho a bocadinho, enquanto a Gretel se sentara no chão para melhor saborear a portada da janela que arrancara por completo. De repente, a porta abriu-se e uma velha senhora, de ar muito respeitável, apareceu. Hansel e Gretel ficaram de tal forma aterrorizados que deixaram cair o que tinham nas mãos.
Mas a velha senhora abanou a cabeça de disse-lhes:
- Então, meus queridos? Quem vos trouxe até aqui? Entrem, entrem e fiquem comigo. Nada de mal vos acontecerá, aqui estão seguros.
A velha senhora conduziu os meninos para dentro de casa e serviu-lhes um jantar como eles nunca tinham visto. Depois de tudo comerem, duas pequenas caminhas esperavam por eles – os meninos, exaustos, deitaram-se e dormiram profundamente como anjinhos.
A velha senhora tinha sido muito amável, mas na verdade, tratava-se de uma bruxa que há muito tinha sentido as crianças perdidas no bosque e que, por isso, tinha construído a casa de guloseimas, para as atrair. Quando apanhava alguém, ela matava-o, cozinhava-o e comia-o. As bruxas têm os olhos vermelhos e não vêem muito bem, mas têm o olfacto muito apurado, como os animais, e por isso apercebem-se bem quando há humanos por perto. Quando Hansel e Gretel caíram na sua armadilha, a bruxa rira-se maliciosamente, a pensar no belo petisco que com eles iria fazer.

PP2.10 – Casa de "Chocolate"
Enquanto os meninos ainda dormiam, a bruxa pegou em Hansel e prendeu-o numa jaula, escondida num pequeno estábulo. Depois, acordou Gretel que, assustada por não ver o irmão começou a chorar e a gritar muito alto, mas de nada lhe valia.
- Rápido, preguiçosa, – ordenou a bruxa – faz um bom prato de comida para o teu irmão. Quando ele estiver bem gorducho, vou fazer dele um grande banquete.
Sem alternativa, Gretel obedeceu à bruxa. Cozinhava para o irmão, enquanto ela apenas comia cascas e restos. Todas as manhãs a velha malvada ia ao estábulo ver se Hansel já tinha engordado o suficiente:
- Hansel, põe o teu dedo de fora para eu ver se estás a engordar – dizia.
Hansel assim fazia, mas sabendo da pouca visão da bruxa, em vez do seu dedo, punha sempre um osso, fazendo assim a velha acreditar que ele ainda estava muito magrinho.
- Rapaz, porque emagreces tu tão devagar? – estranhava a bruxa, mas lá ia deixando os dias passarem.
Até que, quatro semanas depois, não havendo qualquer mudança no dedo de Hansel, a bruxa perdeu a paciência e decidiu não esperar mais.
- Gretel – chamou a bruxa – vai rápido pôr água no fogo. Não importa que o teu irmão esteja gordo ou magro, vou matá-lo e comê-lo amanhã mesmo!
A menina chorava e soluçava enquanto aquecia a água:
- Se os animais selvagens nos tivessem comido, pelo menos morreríamos juntos.
Mas nenhum lamento poderia salvar os dois meninos…
Logo cedo pela manhã a velha bruxa obrigou a Gretel a ajudá-la a preparar tudo para cozinhar o menino.
- Acendi o forno, Gretel – disse a malvada – preciso que vejas se está devidamente aquecido para fazer o pão. Sobe e espreita, rápido!
Gretel percebeu logo o que a velha queria fazer com ela e então disse:
- Não sei fazer isso, como é que eu entro no forno para ver se ele está quente?
- És mesmo pateta, rapariga – respondeu a bruxa – o forno é grande suficiente para eu lá entrar, vês?
E debruçou-se na entrada do forno, onde grandes chamas crepitavam. Gretel deu-lhe um pontapé com todas as forças que tinha e fechou a porta de ferro, sem se esquecer de a trancar. E assim deixou a velha malvada a assar lá dentro.
Depois correu rapidamente a abrir a jaula a Hansel:
- Estamos livre, Hansel; a velha bruxa está morta.
Os irmãos abraçaram-se muito e saltaram de alegria, felizes por estarem de novo juntos e fora do alcance da malvada.
Como já nada tinham a temer, resolveram fazer uma busca em casa da bruxa e em todos os cantos da sala encontraram caixas com pérolas e pedras preciosas.
- Vamos levar estas pedras maravilhosas, Gretel, e procurar o caminho de casa.
- Sim, também vou encher os meus bolsos – concordou Gretel.

PP2.11 – Na floresta
Abandonaram a casa da bruxa e já tinham caminhado algumas horas quando chegaram a um grande lago.
- Não conseguimos atravessar – disse Hansel. – Não há ponte.
- E também não vejo nenhum barco – acrescentou Gretel.
Nisto, Gretel viu um lindo cisne que passeava à distância:
- Olha, Hansel, um cisne! Vou pedir-lhe que nos ajude a atravessar.
E assim foi, a menina cantou alguns versos ao cisne, pedindo-lhe ajuda e ele veio ao seu encontro.
Hansel sentou-se nas suas costas e foi transportado para a outra margem e, logo depois, o cisne levou também Gretel. Sã e salvos na outra margem do lago, a floresta começou a parecer-lhes cada vez mais familiar e, de repente, à distância, reconheceram a casa do pai.

PP2.12 – Chegada a casa do lenhador
Os meninos correram em direcção à casinha, cheios de alegria e, assim que o lenhador abriu a porta, saltaram-lhe ao pescoço, tanta era a sua Felicidade.
O lenhador tinha sofrido bastante desde que os deixara no bosque e, depois da morte da mulher, tinha mesmo tentado procurá-los, mas sem sucesso.
Gretel tirou do bolso o seu lenço cheio de pérolas e pedras preciosas e Hansel colocou na mesa uma mão também cheia de tesouros. O pai estava espantado e muito contente com o regresso dos filhos. E assim terminaram todos os seus problemas e os três viveram felizes e sem dificuldades para todo o sempre.

FIM

*Traduzido e adaptado de The Annotated Hansel & Gretel, Sur La Lune fairytales.com, http://www.surlalunefairytales.com/hanselgretel/index.html, (acedido em Dezembro 2007).

N1: Capuchinho Vermelho

Início: Introdução

Era uma vez uma menina muito bonita, que vivia numa pequena aldeia. O pai, a mãe…todos gostavam muito dela, mas sobretudo a avozinha que vivia no outro extremo do bosque e que, sempre que a visitava, lhe levava um presente. Numa das suas visitas, oferecera-lhe um capuchinho de lã colorida, que a avó tricotara especialmente para ela. Ficava-lhe tão bem, que todos lhe chamavam Capuchinho Vermelho.

PP1.1 – Em casa, na cozinha
Um dia a mãe disse-lhe:
- Capuchinho, um lenhador disse-me que a avó está doente. Gostava que fosses lá visitá-la e lhe levasses estes bolos, o queijo e este pote de mel. Mas não pares para falar com ninguém no caminho!
A Capuchinho colocou tudo no cesto e dirigiu-se para casa da avó.

PP1.2 – No caminho
Pelo caminho, cruzou-se com muitos animais simpáticos: um esquilo a fazer piruetas, um coelho à procura da sua toca, uma borboleta a abrir as suas lindíssimas asas sobre uma flor, um passarinho a cantar alegremente…

PP1.3 – Na floresta
Encontrou-se também com o lobo, que a espreitava por detrás de uns arbustos, mesmo na orla da floresta.
- Onde vais Capuchinho, tão só pela floresta? – perguntou-lhe com um sorriso falso.
E a menina, que não suspeitava das malvadas intenções do lobo, respondeu inocentemente:
- Vou visitar a minha avó, que está doente.
- E o que lhe levas nessa cesta?
- Levo-lhe bolinhos, um queijo e um pote de mel.
- Que feliz ela vai ficar! – disse o lobo, que não se atrevia a devorá-la ali, porque tinha visto por perto uns caçadores – E vive muito longe, a tua avó?
- No outro extremo do bosque – explicou-lhe a menina -, numa casinha branca com janelas verdes.
- Ah, sim, conheço – disse o lobo – É muito bonita. Mas para ires para lá é melhor que cortes por esse atalho à esquerda. Chegarás muito mais depressa e, além disso, encontrarás lindas flores para fazeres um ramo.
- Muito obrigada, senhor lobo! – disse a menina toda contente.
E, sem dar conta que estava a cair numa armadilha, Capuchinho foi pelo atalho da esquerda.
O lobo, entretanto, desatou a correr pelo atalho da direita – que na realidade era muito mais curto – e chegou primeiro à casa da avó.

PP1.4 – Na casa da avó: chegada do lobo
Truz, Truz… soou o batente da porta.
- Quem é? – perguntou a avó, deitada na cama.
- Sou a Capuchinho Vermelho – respondeu o lobo, disfarçando a voz – Trago-te um queijo, bolos e um pote de mel.
- Roda o puxador e abre a porta. Eu não me posso levantar…
Então, o lobo entrou e, com um salto, lançou-se sobre a avó e devorou-a. Depois, vestiu a camisa e o gorro de dormir e meteu-se na cama, à espera da Capuchinho.

PP1. 5 – Na casa da avó: chegada da Capuchinho
Até que ouviu bater à porta.
- Quem é? – perguntou o lobo, imitando a voz da avó.
A menina estranhou a voz, mas pensou que a avó estava constipada e respondeu:
- Sou eu, a Capuchinho Vermelho, a tua neta. Trago-te queijo, bolos e mel! Ah! E também um raminho de flores.
- Entra, querida. Roda o puxador para abrir a porta.
Capuchinho entrou e o lobo, escondido por baixo das mantas, disse:
- Deixa tudo sobre a mesa e deita-te comigo na cama, porque está frio.
Capuchinho assim fez. Descalçou os sapatos e deitou-se na cama, mas logo a seguir surpreendeu-se com a estranha figura da avó.
- Avozinha, que braços tão compridos tens! – exclamou.
- São para te abraçar melhor, minha netinha.
- Avozinha, que orelhas tão grandes!
- São para te ouvir melhor, minha querida.
- Avozinha, que nariz tão grande tens!
- É para te cheirar melhor, meu tesouro.
- Avozinha, que dentes tão grandes tens!
- São… para te comer melhor! – disse o lobo, saltando sobre a Capuchinho e devorando-a.

PP1.6 – Na casa da avó: chegada dos caçadores (desfecho)
Pouco depois, passaram por ali os caçadores. Alarmados com o roncar que vinha da casa, arrombaram a porta e encontraram o lobo a dormir profundamente com a barriga enorme. Deram-lhe uma pancada forte na cabeça para que não acordasse e abriram-lhe a barriga com uma faca. De lá saíram, sãs e salvas a avó e a Capuchinho Vermelho. Coseram a barriga ao lobo com uma agulha enorme que a avó tinha em casa e prenderam-no. Como a Capuchinho não quis que o matassem, resolveram que, mais tarde o iriam levar para um jardim zoológico, onde seria educado a não comer pessoas.

PP1.7 – Na casa da avó: lanche
A avó e a neta estavam muito agradecidas aos caçadores, que lhes tinham salvado a vida, e então convidaram-nos para lanchar os bolinhos, o queijo e o mel.
Ah… e a Capuchinho nunca mais se deteve no bosque a falar com estranhos.

FIM

Argumentos Finais de "Constrói a Tua História a Brincar!"

O brinquedo terá inicialmente por base seis contos de fadas (N):
  • Capuchinho Vermelho (N1)
  • Hansel e Gretel (N2)
  • Branca de Neve (N3)
  • Gato das Botas (N4)
  • Gata Borralheira (N5)
  • Pedro e o Lobo (N6)

(Posteriormente poderão ser acrescentados novos contos.)

Em cada cena ou plot point dos vários contos existem objectos que funcionam como elementos de ligação entre as diversas narrativas - são estes elementos que permitem à criança/utilizador criar percursos narrativos diferentes.

No projecto desenvolvemos apenas um exemplo de percurso tipo que tem início na narrativa 3 (N3) e termina na narrativa 5 (N5).

O flowchart e o storyboard já estão criados.

Os posts seguintes contemplam as 6 narrativas lineares incluidas no brinquedo.